20080506

Um dia após o outro...

Ontem assado, hoje cozido...


Hoje fui a Grândola e descobri uma localidade muito mais evoluída que qualquer cidade, com uma diversidade de personagens que todas reunidas, só num livro é que existiriam!

O meu patrão marca no GPS o destino e partimos. Numa hora chegamos, mas o meu patrão não acreditava, porque nada fazia indicar tínhamos alcançado a famosíssima Grândola - Vila Morena! Os edifícios principais eram tão pouco vistosos, que vimos primeiro a Junta de Freguesia que a Câmara Municipal.

Parámos o jipe junto a uma loja que já não pensei existir; uma loja de fatos por medida, com um alfaiate à porta!!!

Entrámos num café que queria tanto ser moderno que pintou uma parede interior de verde alface fluorescente, outra de roxo, e o tecto com uns desenhos cor de laranja!!! LINDOOO!

De seguida, fomos até à Câmara, e os personagens mais estranhos de Grândola começaram a dar o seu show! Lá dentro estava um homem, que eu apelidei de metro sexual, mas o meu patrão achou que era mais do que isso... Descrevendo: calças justas, com algo brilhante cravado na parte traseira, pernas cruzadas para o lado (como as mulheres fazem), casaco cintado, pulseira, óculos fashion... Entretanto, chegou outro homem estranho. Quem o visse por trás, parecia uma pessoa normalmente vestida: sapatos, calças, casaco... Mas quando este indivíduo se vira...! O casaco estava aberto e deixava ver uma t-shirt, que por sua vez levantava na zona da barriga (como acontece com as grávidas quando a roupa deixa de estar adequada ás suas novas formas), deixando ver flacidez e PÊLOS! Mas o homem estava descontraidíssimo, sem sinais de puxar a t-shirt para baixo para que não se desse conta daquele espectáculo!

Chegou a nossa vez de sermos atendidos, e a conversa com a secretária da Câmara sucedia-se num emaranhado tal de assuntos e impedimentos, que o meu patrão (vou começar a referi-lo pelo nome: Bruno) já estava a ficar nervoso. Resumindo: a secretária não nos queria deixar consultar um processo, mas esqueceu-se do pequeníssimo pormenor dos processos serem PÚBLICOS!!! Depois disto, disse que a melhor pessoa para resolver o nosso problema era um desenhador, funcionário da EDP, que se chamava Lionel! Deu-nos a indicação da EDP, mas o Bruno saiu tão nervoso e despassarado da Câmara que se esqueceu das orientações, e se não fosse a calma aqui da sua digníssima colaboradora...!

Seguindo as orientações, não chegámos ao destino pretendido, porque já não havia edifício da EDP, por isso, também não estava lá o sr. Lionel. O Bruno decidiu perguntar de novo a outras pessoas, que até contaram parte da história de vida do tal sr. Lionel que, ao ter tido um acidente gravíssimo ao serviço da EDP, ficou de cadeira de rodas, e a própria empresa lhe tinha adaptado um escritório em casa, para que ele pudesse continuar a trabalhar. Simpaticamente indicaram a casa dele, mas a meio do percurso, já não havia orientação possivel. Voltou-se a perguntar num café, depois a um vizinho, e lá fomos dar a casa de um Sr. Lionel, outro Lionel, que tinha por vizinha mais uma personagem estranhíssima de Grândola. Ela apresentava-se de pijama cor-de-rosa, e tinha o mesmo à vontade do homem da Câmara, perante os seus trajes! Disse-nos que realmente o vizinho dela era um sr. Lionel mas não era o que nós procurávamos e, coincidência das coincidências, ela também queria ir até casa dele. O Bruno perguntou, aliás insistiu, que ela viesse connosco, no jipe. A MULHER ENTROU DE PIJAMA COR-DE-ROSA NO JIPE CHEVROLET CAPTIVA DO MEU PATRÃO!!! No caminho até casa dele, também nos contou a história de vida do sr. Lionel, acrescentado a seguinte característica: Ele ficou "inutilizável"! A lingua portuguesa é mesmo fantástica!

Chegámos a casa do sr. Lionel. Realmente continuava a ser funcionário da EDP, mas fazia uns rabiscos por fora!!! Valha-me minha Nossa Senhora! Enfim! O que um arquitecto tem que ouvir.
Terminado o assunto, tinhamos que ir verificar se não havia alterações na construção de uma casa, de uns holandeses, que ficava no meio de um monte, o qual não sabiamos o caminho. O Bruno entrou em contacto com o senhor que tomava conta da casa, que apareceu na sua pickup Nissan Navara azul, e nos levou por caminhos que nem o GPS indicava (não se esqueçam deste pormenor!)! Parámos numa casa, onde estava uma senhora que tinha as chaves de casa, com o pormenor da casa estar pejada de cães que não paravam de ladrar e que chegavam à minha cintura. Obviamente que não saí do carro! Vi o Bruno a falar com o senhor que nos indicara o caminho, e quando ele entrou no jipe disse o seguinte: O senhor agora tem que se ir embora, mas diz que o caminho de regresso é o mesmo... Ora, lembram-se quando disse que o GPS NÃO INDICAVA O PERCURSO QUE TINHAMOS ACABADO DE FAZER? Pois bem! Depois de vermos a casa, tinhamos que nos aventurar no caminho de volta!

Vimos a casa. Toda equipada. Com uns 10 quartos, moto4 na garagem, piscina, tv plasma, mas como a construção tinha ficado uma porcaria por desentendimentos com o empreiteiro, os noruegueses queriam vender tudo aquilo.

Bom, tinha chegado a altura de regressarmos. Só para que se tenha uma noção do que ladeava o caminho (que nem podia ser considerado estrada!), resumidamente era SÓ MATO, ESTEVAS, ÁRVORES, sem alma viva (se não contarmos com todos os bichinhos voadores e que fazem aqueles barulhinhos estranhos que vêem do meio do nada). Tudo corria bem até chegarmos a um cruzamento típico de filme: opção de ir em frente, para a esquerda, ou para a direita. Em frente não parecia ser porque o caminho tinha era crescida. Sobrava, as outras duas opções, e por piada, eu dizia para a direita, e o Bruno para a esquerda. Ele optou pelo meu sentido de orientação. Eu estava praticamente certa, apesar de no decorrer do caminho ainda ter hesitado se tinhamos tomado a opção correcta, mas já nem tive coragem de dizer ao Bruno. Resumindo: EU ESTAVA CERTA, e agora iamos a caminho de um restaurante qualquer em Grândola para "matar o bicho" (da fome, entenda-se!).

Claro que foi outra aventura! Ao passarmos na rua principal, vimos uma casa de pasto, que não tinha grande aspecto (tasca, pronto!), e um outro que não parecia mal. Quando entrámos, entrou um casal também. Sentámo-nos e pensámos que dali a nada seriamos servidos. Depois de nós ainda entrou um grupo de pessoas que se sentaram no fundo da sala. Qual não foi nosso espanto quando, perante a nossa fome, e a do casal, vimos o empregado de mesa dirigir-se para este grupo que acabara de entrar. Levantámos-nos logo e saímos, seguidos pelo tal casal. Opção? Ir para a casa de pasto. Não me vou alongar muito na descrição deste espaço, mas o comentário do Bruno foi logo "A ASAE aqui fazia um festim"! Preferi até nem imaginar como é que tinham cortado o pão, temperado as azeitonas, bem como a salada. Depois do "farta brutos", regressámos a Lisboa, com direito a muitos pénaltis de cabeça por minha parte, mas também o qué que se esperava depois de ter comido o que comi e ter sentado no banco confotável do jipe, e a sentir um calorzinho agradável a entrar pelo vidro?



Foi com muita saudade que me despedi de ti, Grândola - Vila Morena...

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