20090114

Já não posso saber de ti.

Quando era pequenina, houve muitas noites que adormeci a chorar.
Chorei muitas vezes pelo medo da perda que a morte transportava consigo. Chorei por pensar que um dia iria partir deste mundo sem nunca mais voltar. Nunca mais iria ver e ter tudo o que via e tinha! Nunca mais iria brincar, estar com os meus pais e com a minha irmã!

Até agora, ainda não perdi ninguém que me tocasse particularmente, e ainda bem. O meu avô materno morreu quando eu tinha apenas 5 anos. Apenas me lembro do telefone tocar e a minha mãe chorar enquanto falava, suponho que com os irmãos. Mas sei, pelo que a minha avó Céu (esposa) me conta, que o meu avô era um grande apoio para ela, um grande companheiro, um homem à séria! Ela sente muito a falta dele. Há uns tempos ouvi, da boca da irmã dele, a minha tia avó Conceição, a coisa mais linda que poderia ter ouvido de alguém. Ela recordava, ao olhar para mim, que o meu avô, quando já estava muito doente no hospital e sem poder receber visitas de crianças, ao saber que eu e a minha irmã estávamos na zona da entrada do hospital, disse que tinha que ir ver as suas meninas e saiu do quarto para nos ir ver... e terminou este episódio dizendo que me achava parecida com ele por ser muito conversadora e animada! Que grande elogio!!!!!

Durante a nossa vida, podemos ir perdendo o contacto com as pessoas. Mas há sempre forma de chegar até elas, se realmente quizermos! Os amigos mudam de escola, os namorados trocam-nos por outras namoradas, os irmãos vão para outros países. Apenas deixamos de saber sobre as pessoas quando elas morrem.

Tenho medo de perder alguém querido. Sei que é inevitável. Para tentar minimizar o impacto, por vezes até tento imaginar como será quando o momento chegar, mas é impossivel terminar o cenário.

Nunca se quer que as pessoas morram, e há sempre aquelas que, se os pudéssemos excluir da lista do Senhor Deus o faríamos, como os nossos pais, avós, irmãos, amigos e amores. Gostava de apenas salientar uma pessoa que me é muitíssimo querida, e que venho descobrindo isto há medida que convivo com ela, que é a minha avó Céu. Como já escrevi logo no início, ficou viúva quando eu era ainda muito pequenina. Ela questiona-se por vezes porque é que o meu avô já partiu há tanto tempo e ela ainda não foi. Eu tenho uma ideia da razão, e por muito que possa não ser assim, eu gosto de pensar dessa forma. Eu acho que a minha avó ainda nos acompanha porque ela tinha que me ensinar muita coisa, como tem feito, e tinha que chegar ao meu coração cheio de espinhos como só ela sabe chegar. E de uma forma mais convencida, penso que também estou tantas vezes ao pé da minha avó porque o meu avô está comigo!

Eu quiz fazer referência à minha avó Céu porque acho que, quando ela partir vou chorar muitíssimo porque vou deixar de saber dela, mas vou ficar com um sorriso por muito que não o mostre, porque ela vai finalmente para junto do meu avô, o seu grande companheiro, amigo, amor.

...relembrando uma mensagem...

"Sou tua! Sou tua para sempre! No meu coração não cabe nem mais um grão de areia, e nem uma gota de chuva! Amo-te verdadeiramente!"