...

Virás numa tarde de Inverno
Escondido na tua capa
de cavaleiro.
O teu perfume te denunciará
e eu saberei que chegou a Primavera
para me acariciar os cabelos
e beijar o pescoço.

Primeiro dirás que tens medo,
que não sabes se gostas de mim,
mas os dias sem os nossos sorrisos
trarão a saudade
e acabarás por me escrever um poema.

Depois eu temerei,
perceberei que o amor chegara de novo
quando eu prometera
não mais me prender.

Demasiado tarde...

Tu encontraras-me e eu encontrara-te,
príncipe encantado!



FAdosinda

Uma música indispensável...

Leve Beijo Triste

"Teimoso subi
Ao cimo de mim
E no alto rasgei
As voltas que dei
Sombra de mil sóis em glória
Cobrem todo o vale ao fundo
Dorme meu pequeno mundo

Como um barco vazio
P’las margens do rio
Desce o denso véu lilás
Desce em silêncio e paz
Manso e macio

Deixa que te leve
assim tão leve
Leve e que te beije meu anjo triste
Deixo-te o meu canto canção tão breve
Brando como tu amor pediste

Não fales calei
Assim fiquei
Sombra de mil sóis cansados
Crescendo como dedos finos
A embalar nossos destinos

Deixa que te leve
assim tão leve
Leve e que te beije meu anjo triste
Deixo-te o meu canto canção tão breve
Brando como tu amor pediste"

Paulo Gonzo

Outra razão para não querer crescer!

OS CRESCIDOS DEVEM CONTRARIAR A SUA VONTADE DE QUERER O QUE É BOM MAS FAZ MAL!!!
Quando somos menos crescidos fazemos de tudo um pouco, e se no meio disso tudo havia alguma coisa que não devessemos ter feito, temos sempre o pai, a avó, a mãe, a tia e a amiga da tia para nos corrigirem. Mas isso pouco importa porque ficamos sempre com a sensação que o podemos fazer na mesma, desde que não seja à sua frente!
Quando crescemos já não é suposto termos quem nos diga as coisas. Somos crescidos e temos que ter as rédeas da nossa vida. Isto quer dizer o quê: não podemos comer tudo o que queremos nas proporções que gostávamos porque engordamos, ou podemos ter uma doença que o tetravô teve; não podemos beber muito porque matamos os neurónios, fazemos figuras tristes, e o risco de uma doença qualquer também está presente; mesmo que estejamos a morrer de sono, não podemos ir direitinhos à cama porque ainda temos que lavar os dentes, lavar a cara, passar um creme desmaquilhante, e outro hidratante, e ainda outro de tratamento noite para a pele; não podemos brincar à toa na rua, nem rir alto, porque há sempre alguém que nos olha de cima a baixo a julgar-nos pela nossa figura desadequada à idade;

não nos podemos apaixonar à toa porque temos que medir bem por quem nos apaixonamos: diferenças de idade, distância da nossa casa, frequência com que nos possamos encontrar, se é filho único porque pode ter um feitio insuportável, se gostamos do perfume que usa, da música que ouve, dos livros que lê, que faz da vida, experiência de relações, se os nossos amigos vão gostar, se ficamos bem com ele, se beija bem... E no final acabamos por nos aproximar sem pensar, depois começamos a não controlar os nossos pensamentos e actos, percebemos que já avançámos mais do que deviamos, recuamos, ficamos com medo, magoamo-nos, e voltamos à estaca zero!!!

Então de que serve sermos crescidos se temos a liberdade para fazer quase tudo, mas temos que ser tão racionais que passamos a não fazer nada, a sonhar mais do que uma adolescente no que poderiamos ter feito mas que não fizémos porque somos crescidos e os crescidos têm que pensar mais antes de fazerem o que quer que seja!!!!!!!!!!

As paixões dos crescidos!

Claro que eu não podia estar muito tempo sem falar no assunto que dá adrenalina à minha vida!
PAIXÕES!
Mas como pessoa que não quer crescer, tenho que reclamar das paixões dos crescidos! E por comparação começo pelas dos menos crescidos, que são as minhas preferidas.

PAIXÕES DOS MENOS CRESCIDOS (em destaque as minhas, que sei melhor!!!)
Paixões platónicas, que gostavam de ser platónicas, e quanto mais platónicas melhor. O contacto com a pessoa alvo da nossa atenção diária estragava o mistério. Por isso dispensavam-se as palavras, e tudo resultava numa dimensão paralela à realidade, o sonho. Era nesta dimensão que vivia o menos crescido apaixonado, desde que acordava até adormecer.
Todos os dias o menos crescido acordava a pensar no que de novo podia acontecer quando visse e pessoa que o levou a levitar. E escolha da roupa era fundamental, a imagem de um possivel olhar. Era o que bastava para que houvesse uma borboleta a voar constantemente na barriga do menos crescido. Até podia nem acontecer nada do que se tinha sonhado, mas só de pensar que isso se podia concretizar no dia a seguir, lá voltava a dita borboleta! O que interessava não era a concretização, mas a imaginação...
O dia mais sonhado era o dia de S. Valentim, em que se enviava uma carta anónima (claro!) à dita pessoa para que ela soubesse que havia uma pessoa que sonhava com ela, e isso era o momento de maior proximidade com ela. Era o pico da emoção!

PAIXÕES DOS QUE ESTÃO A QUERER CRESCER
Paixões que desejam não ser platónica, nada platónicas, muito reais, mas na base do principe encantado, o beijo no tempo certo, na hora correcta, e com a pessoa perfeita. Que sonho e que desilusão!!! Mas a esperança mantém-se até que apareça o próximo principe.
Os meus principes sempre tiveram o mesmo desenho: cabelo castanho escuro / preto, olhos cor de mel, meigos, redondos, pestanudos, pele com tendência morena, feitio com pinceladas de rebeldia, dificeis de chamar a atenção, cheirosos...
As paixões nesta fase estavam cheias de receios. O principal e talvez o mais ridículo era o de não saber beijar. O beijo, primeiro contacto e o mais mágico, aquele que sempre me ajudou a identificar se aquela pessoa era especial para mim, ou se não era suposto ter passado da fase platónica!!! O BEIJO!!! Com nada mais eu sonhava como forma de tornar o sonho de um príncipe em realidade.

PAIXÕES DOS CRESCIDOS
COMPLICADAS. Cheias de atropelos, regras que não se cumprem, regras inventadas, mal-entendidos. Já ninguém sabe identificar a paixão pelo primeiro beijo. Beija-se e pronto, porque surge a oportunidade, porque havia o MINIMO DE INTERESSE, e isso bastava. Do bejio, passa-se rapidamente a outros passos sem que ninguém pense no amanhã. Magoa-se muito, mas o interesse é sempre viver o máximo que se puder, e se se puder viver tudo hoje, VIVE-SE!
Eu acredito em Deus, e acredito que tudo o que me tem acontecido, de alguma forma, foram sinais do que Ele gostava que me acontecesse. Mas tenho muitas dificuldades em perceber alguns dos sinais, e numa fase imediata, até confundo com trapalhice emocional da minha parte. Deus sabe que eu quero ser feliz, e é só isso que lhe peço, sem nenhuma formula específica. Ser feliz e pronto. Mas o meu caminho de paixões tem sido muito trapalhão. Nunca consigo perceber se estou a seguir o caminho correcto, com o principe correcto, porque quando penso que está tudo definidinho meu coração, Ele (julgo eu!) dá-me uma rasteira e muda a rota de navegação... Até tem a sua emoção, mas o que ficou para trás não guardo como colecção mas como cicatriz...

Crescer é complicado e doi. Também é divertido e emocionante, até à proxima asneira. Sim!!! Porque não se pense que os menos crescidos é que fazem mais asneiras!!! Somos nós!!! Os crescidos!!! Principalmente aqueles que tinham muita certeza que eram crescidos, ou aqueles que não querem crescer mas que tem que ser. Odeio esta expressão: TEM QUE SER! PORQUÊÊÊ???

Crescer implica...

Crescer implica tomar atitudes. Atitudes que nem sempre queremos tomar, mas que temos que o fazer porque faz parte de crescer.
Crescer implica ter responsabilidades. Responsabilidades que eu não quero mas que todas as pessoas me atribuem alguma porque acreditam que eu tenho perfil para assumir tal responsabilidade. Ainda não perceberam que eu gosto é da atenção que essa responsabilidade transporta consigo, não gosto da própria responsabilidade.
Crescer implica decidir. Estas decisões quase nunca englogam exclusivamente a nossa vida, por isso acabamos por nem pensar o que uma decisão significa para nós, mas pensamos mais como ela vai afectar os outros.
Crescer implica acordar cedo, porque os crescidos têm sempre muito que fazer e de manhã é que começa o dia.
Crescer implica não brincar, porque quem brinca são os menos crescidos.
Crescer implica não ter tempo para o que gostamos, porque a vida de crescido tem assuntos demasiado importantes.

Não quero crescer!